O isolamento social desconstrói tudo que a cultura ocidental já pregou e impôs durante os séculos, entendemos a falta que faz aquela conversa olho a olho, como os abraços são especiais, como são importantes os apertos de mão, e como são valiosos os contatos com os familiares. Sentimos saudades dos velhos hábitos, de nos reunir, de aglomerar, de estarmos próximos fisicamente.
Ficar recluso em casa pode ser o único jeito de salvarmos vidas, mas este momento também pode representar uma oportunidade para aprender com o isolamento e tirar lições que vão nos ajudar a ver com outros olhos a forma como vivemos e nos relacionamos com as pessoas, encare como uma oportunidade de encontrar seu próprio eu.
Vamos buscar aproveitar da melhor forma possível esse tempo recluso, buscando conhecer a si mesmo e aprender a olhar o mundo com novos olhos e é o melhor que podemos tirar de tempos incertos.
Busco aqui trazer um breve entendimento sobre nossa necessidade de viver em grupos, Freud em sua obra “Psicologia das Massas e análise do eu” (1920-1923) concorda com muito das teorias do sociólogo, conhecido como Le Bon, onde argumenta que o indivíduo ganha imenso poder de associação com um grupo. Consequentemente, ele postula que o indivíduo sente uma segurança na massa, ele se sente seguro dentro de um grupo. No entanto, este sentimento de pertencimento leva a uma perda dos indivíduos conscientes. Assim, quaisquer sentimentos dentro do grupo tendem a ter uma grande influência sobre eles.
Freud procura examinar em detalhes, esse efeito que uma enorme massa de pessoas tende a ter sobre o indivíduo. Ele procura examinar como os sentimentos e pensamentos de completos estranhos podem acabar tendo um impacto tão significativo sobre um indivíduo.
Podemos neste momento de isolamento repensar em todos os comportamentos que acreditamos ser corretos e repetimos sem ao menos questionar durante um longo período da história do mundo, podemos perceber que somos dependentes do contato e do trabalho de outras pessoas.
Ficar sozinho consigo mesmo, depois de passar tanto tempo imerso em um mundo que vivemos tão dependente de grupos, é como se estivéssemos conhecendo uma nova pessoa. Saiba que agora é o momento ideal para reviver os sonhos de criança e colocar a mão na massa em projetos esquecidos na gaveta. Por que não tentar algo novo? Aproveite, ninguém está vendo então você está livre de julgamentos. Ouça sua música preferida, leia o livro que já está empoeirado na estante, aprenda frases simples de outros idiomas, faça pinturas, crie danças. Olhe para o espelho e pense: o que eu quero fazer por mim hoje? E tudo bem se não quiser fazer nada, apenas deitar e descansar um pouco.
Jéssica Sousa
Psicóloga
CRP 09-009126
REFERÊNCIA
- “Isolamento social: a chance perfeita para se reencontrar”, disponível online em: http://tribunadoplanalto.com.br/2020/05/01/isolamento-social-a-chance-perfeita-para-se-reencontrar/
- Livro: “Psicologia das Massas e Análise do Eu” Sigmund Freud (1920-1923).
