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Luto na Pandemia

O luto é uma exigência psíquica para dar lugar a um sentimento de perda, a um rompimento de um vínculo. 

O luto é uma experiência dolorosa que precisa de tempo para ser elaborado, então não existente necessariamente um tempo para que dure, o processo de luto não se trata de uma doença, é a forma que encontramos de dar significado para experiência da perda. 

O luto trata-se de uma experiência individual, por mais que se assemelhem alguns sentimentos comuns de ser vivenciados tais como: raiva, tristeza, medo, culpa, ansiedade, desamparo, cada individuo vai vivenciar de uma forma. Portanto apesar de ser uma experiência individual ela não precisa ser vivida sozinha. 

O luto pela morte de alguém que amamos, é uma experiência devastadora, e muito dolorosa, quem já vivenciou uma experiência assim sabe do que estou falando. 

E os rituais fúnebres ajudam no processo de elaboração do luto, e trata-se de uma cultura milenar, os rituais de despedida ajudam a concretizar internamente a perda que sofremos, ali no momento do funeral da despedida que acontece a catarse, entrar em contato com os sentimentos e ajuda na organizar diante do luto. 

Quando velamos o corpo estamos entrando em concretude da perda, fazemos nossas homenagens, nossas preces, nossos rituais, somos abraçados. 

E importante aqui falar, que não somente as perdas pela covid, mas as perdas nessa “era covid” tem se diferenciado, por que as pessoas não param de morrer, só que rituais fúnebres tem se diferenciado, até mesmo pelo nosso contato. 

E o que torna ainda mais delicado são as perdas que acontecem neste momento da pandemia que são inviáveis velar o corpo. Esse luto duplo, além da perda de quem se ama, perdemos o poder nos reunir para os rituais. 

Tom Almeida fundador do movimento Infinito (Cuidados Paliativos), fala da importância de criar rituais simbólicos para expressar os sentimentos diante da perda, não com o objetivo de substituir os já existentes, mas é uma forma de legitimarmos essas perdas, e é importante que esse ritual faça sentido no vínculo com a pessoa, faça sentido com a história da pessoa. Exemplo: escrever cartas e ler diante da foto, reunir com a família de forma online falar sobre essa perda. Reunir para cozinhar algo que a pessoa gostava. 

Trago a fala do psicólogo Leandro Rosa, caso você tenha perdido alguém pela covid, elas são mais que a morte delas, a morte faz parte de um único dia,  porque houve vida em todos os outros. 

E como parte de encerrar aqui o conteúdo, quero trazer a vocês, uma reflexão, vivemos em um tempo que a nossa morte e a morte de quem amamos é algo muito real, e de posse dessa consciência possamos investir nas relações, o amor é a nossa forma de sustentação precisamos saber que somos amados, que possamos expressar nossos sentimentos pelas pessoas que amamos. 

Após assistir uma aula da psiquiatra e escritora Ana Paula Quintana Arantes, nunca foi tão importante viver o hoje como agora, e o hoje não dura mais que 24 horas, viva esse momento agora, que possamos demostrar o nosso valor e entender o nosso valor, e quem merece saber que você ama? Após esse momento, se possível ligue, mande mensagem para as pessoas que merecem saber. 

Despeço-me aqui com grande gratidão. 

 

Jéssica Sousa

Psicóloga
CRP 09-009126

 

 

(20/07/2020)

Bibliografia

- Jornal A Tribuna, texto - Psicologia da Ufac ajuda a reduzir danos da pandemia. 15 de julho de 2020. Psicólogo Leandro Rosa. Disponível online em: http://www.jornalatribuna.com.br/psicologia-da-ufac-ajuda-a-reduzir-danos-da-pandemia/

- Movimento Infinito. Encarar um tabu ressignificar a morte transformar a vida; por Tom Almeida; disponível online em: http://infinito.etc.br/movimento/

- Kubler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. Rio de Janeiro: Editora Martins Fontes; 1985.