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As tarefas do luto, parte II

Tarefa II: processar a dor do luto.

 

É necessário ao enlutado passar pelo sofrimento do luto para ter a resolução deste, qualquer coisa que continuamente permita que a pessoa evite ou suprima a dor pode prolongar o curso do luto. É necessário reconhecer e trabalhar esse sofrimento ou ele pode manifestar-se por meio de sintomas físicos ou comportamentos fora do habitual.

 

Pode haver sutil interação entre a sociedade e o enlutado, o que torna a tarefa II mais difícil. A sociedade pode ser desagradável com os sentimentos do enlutado e, na tentativa de ajudar reforçam as defesas do próprio enlutado, resultando em negação da necessidade de viver o luto, manifestadas como: “Eu não deveria me sentir dessa forma” ou “Eu não preciso sofrer”.

 

A ausência dessa segunda tarefa de processamento da dor resulta no não sentir. As pessoas podem encurtar a tarefa II de várias formas; a mais óbvia é suprimir

os sentimentos e negar a dor que acompanha. Algumas vezes, as pessoas bloqueiam o processo, evitando pensamentos dolorosos. Elas usam procedimentos para interromper os pensamentos, de modo a manterem-se afastadas de sentimentos disfóricos, associados com a perda. Alguns controlam isto estimulando apenas pensamentos prazerosos acerca da pessoa morta, o que os protege do desconforto de pensamentos desagradáveis. Idealizar o morto, evitar lembranças do morto e utilizar álcool ou drogas são algumas formas, também, que a pessoa pode utilizar para não lidar com as questões da tarefa II.

Alguns indivíduos que não querem vivenciar a experiência de sofrimento do luto tentam encontrar solução viajando de um lugar a outro tentando encontrar algum alívio para suas emoções, em vez de permitirem-se processar o sofrimento - senti-lo e saber que um dia passará.

 

Um dos objetivos do aconselhamento do luto é ajudar as pessoas nessa difícil segunda tarefa para que elas não carreguem o sofrimento consigo para o resto de suas vidas. Se a tarefa II não é direcionada adequadamente, poderá ser necessária uma terapia mais tarde, podendo ser mais difícil para a pessoa voltar no tempo e trabalhar com a dor que foi evitada por ela. Muito frequentemente, acaba sendo experiência mais complexa e difícil do que enfrentá-la no período da perda. Além disso, outro complicador pode ser um sistema de suporte social deficiente, que teria sido mais disponível na época da perda.

Tendemos a pensar no sofrimento do luto em termos de tristeza e disforia. E de fato, grande parte da dor do pesar apresenta-se dessa forma. Entretanto, existem outras emoções associadas com as perdas e precisam ser processadas. Ansiedade, raiva, culpa, depressão e solidão também são sentimentos comuns que podem ser experimentados pelos enlutados.

 

 

 

FONTE: WORDEN, J. Willian. Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto. Um Manual para Profissionais de Saúde Mental. 4ª Edição. Editora Roca.

 

Jéssica Sousa

Psicóloga

CRP 09/009126

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